patio velho

A pesada pata da fera a pressionava contra o úmido solo da floresta. Seus olhos vermelho-rubi cintilavam algo misterioso e Caiári podia sentir todo o sentimento de raiva e fúria contida naquela criatura.

- Muito bem, tartaruga. Diga o que veio fazer aqui?... Tenho certeza que não veio até nosso domínio para servir de petisco a uma matilha de onças manetas... ou estou errado?

Caiári notou o sarcasmo servindo de diversão para a onça. Com sua pata direita amputada, a esquerda sustentava a grande totalidade de seu corpo contra o forte couraça da resistente tartaruga.

- Jaguar, mil perdões por entrar em suas terras sem aviso!!! Não quis ofender sua autoridade, nem tão pouco vim aqui para fazer o mal que aqueles que hoje se levatam contra nós lhes fizeram no passado...

A mente da onça amputada mergulhou em um tempo onde os jovens e maliciosos alunos do Educandário, que deram o pontapé para o grupo do mal conhecido como fantasmas, perseguiam as diversas criaturas da Mata para aprimorar suas técnicas de tortura. Era uma noite como aquela: havia algo de errado no ar, o vento parado, as estrelas imóveis, Dominic Anatolly, no auge de sua adolescência, havia saído para caçar.

A onça jazia estática sobre a silenciosa floresta, aprisionada em um Petrificus Totalus, e um olhar sinistro e cruel de Dominic foi suficiente para que um potente Diffindius Amplificatus, experiência macabra do aprendiz de bruxo das trevas, separasse definitivamente a bela onça de sua preciosa pata em um processo de extrema dor e sofrimento que acabou transformando a pobre criatura em um monstro sanguinário e cruel, cega em um misto de raiva, ira e ódio por aqueles que a fizeram sofrer, atacando todos os humanos que atravessavam seu caminho como uma fera letal.

Foram Iramohn e Caiári, após anos de tentativas e erros, que conseguiram ensinar ao monstro como ter o controle de suas emoções desmedidas, convencendo a criatura que nem todos os bruxos eram cruéis como seu algoz e ajudando a reestruturar sua consciência, devorada pela sede de vingança...

- Jaguar, a hora que você tanto esperava chegou... Aquele que trouxe o desespero e o ódio a seu coração aguarda por ti no Educandário!!!

Como um cadeado há muito tempo trancado e agora estraçalhado por uma poderosa força, o despertar daqueles antigos sentimentos de destruição e matança fizeram ecoar um poderoso rugido e toda a floresta estremeceu.

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Os portões do Castelo estavam diante deles. Sombras do salão principal destruído eram vistos do pátio. O silêncio ainda era algo que incomodava os sentidos aguçados de Caiári.

- Vamos!!! Por aqui!!!

Mas antes de botarem os pés dentro do castelo, quatro sombras se moveram da escuridão obstruindo a passagem.

- Vejam que fofura!!! O zoológico chegou a cidade!!! A Tartaruga e a onça!!! Que bichinhos mais bonitinhos!!!

Uma dos discípulos de Anatolly zombava das duas criaturas mágicas fazendo graça com a voz e gesticulando de forma mimosa.

- Deixem nossa escola agora ou teremos que expulsá-los a força!!!- a tartaruga se adiantou tentando evitar um confronto inevitável.

- Ha! Vocês e qual exército?

- Este exército!!!

A onça amputada gruniu alto e logo olhos angulares saltaram da escuridão das árvores e arbustos ao redor revelando uma grande alcatéia composta pelos animais da Mata Atlântica do Educandário Monte Pascoal.

Em um salto, todas as criaturas se precipitaram contra os malfeitores, iniciando uma nova batalha.

Estava imerso em um sono superficial mas tranquilo. A noite já tinha avançado e o silêncio era quase somente quebrado pelo som de sua respiração.

*rrriiinnnggg rrriiinnnggg*

O telefone tocou e ele acordou sem reclamações. Seu trabalho como ministro da magia exigia certos sacrifícios, como ser acordado no meio da madrugada, e ele já estava acostumado com isto.

Sua esposa balbuciou algo, mas não deu sinais que estava acordada. Estendeu sua mão até o aparelho e conversou por cerca de dois minutos, em menos de meia hora depois estava completamente bem vestido em um terno azul escuro aparatando para Santo Sossego.

Quando desaparatou em St. Sossego dois aurores já o esperavam. Logo surgiram mais cinco... Era o lugar mais próximo do Educandário que poderiam se aproximar utilizando a magia. Até a escola tiveram que andar por uma pequena trilha e em menos de dez minutos estavam diante dos portões do EMMP.

Assim que se aproximaram do castelo tiveram uma surpresa. Um grupo de cerca de três dos Fantasmas estavam sendo atacados por criaturas das floresta.

Os aurores rapidamente entraram em ação e em pouco tempo dois fantasmas sumiam para dentro da floresta, perseguido pelas feras, enquanto o outro havia sido capturado e estava sob escolta de dois aurores.

- Levem-no agora para o Carandirú!!! - Péricles ordenou aos dois aurores que sumiram da escuridão que desembocava nos portões da escola.

- Não temos muito tempo... Vamos atrás do professor Bruno!!! Ele corre perigo...

E entraram no castelo semi destruído atrás dos aposentos dos professores.