Artes Mentais - Valerianas Armadas

Achei estranho quando me avisaram sobre a aula de AM nas estufas. Cheguei a pensar por um momento que o professor, sem querer, errara o assunto da aula, mas lembrei quando um colega de classe fez uma gracinha sobre controle mental das Palmeiras Imperiais, lembrei-me de que havia lido em alguma enciclopédia de plantas tropicais sobre as violentas valerianas...

Realmente, tudo ficou esclarecido e minhas certezas confirmadas quando nas mãos do professor, uma valeriana recém-nascida estava embalada em um tranquilo sono.

- Neste estágio a Valeriana Armada é dócil e delicada... Contudo suas propriedades mágicas encontram-se inativas. Ao atingir a maturação, um dos espinhos da extremidade dos ramos superiores se modifica tomando a forma de uma varinha mágica... por isso o nome "Armada"... e digo aos senhores que não é mero enfeite. A planta realmente se utiliza da sua falsa-varinha para lançar espinhos naqueles que se aproximam...

Quando o vaso contendo a valeriana chegou as minhas mãos, notei os pequenos olhos pueris semi-cerrados e o espinho modificado na ponta de um galho que esboçava o aspecto de uma mão.
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Conforme o professor explicava as propriedades da planta, o vaso ia passando de mãos em mãos...

- Em instantes iremos entrar na área das Valerianas. É muito importante que prestem atenção no que direi e que desarmem rapidamente a Valeriana que os aguardam... Olhem profudamente nos olhos da planta... Mantenham-se concetrados e não desviem o olhar por nada, nem se o mundo for abaixo, caso contrário a planta os atacara... Feito isto sejam rápidos e executem um expelliarmus, para desarmá-las... e pronto... agora vamos... em fila... eu vou na frente para demonstração.

Louca para conhecer a planta, entrei logo atrás do professor e quase corri loucamente quando me deparei com uma planta adulta. Era simplesmente horrível!!!. Tinha o aspecto de um monstro meio homem, meio planta, seus olhos eram estreitos e enraivecidos, e segurava uma longa varinha dourada de forma ameaçadora... Quando o professor demonstrou o que tínhamos que enfrentá-la, literalmente congelei... A figura do homem-planta me intimidava... Alguém me empurrou para que eu fizesse minha prática, mas foi como se empurrasse uma estátua de mármore...

A planta não teve nenhuma dificuldade em tentar me estraçalhar. Enquanto eu estava imóvel, fragilizada com a figura dantesca que estava diante de mim, uma rajada de dolorosos e pontiagudos espinhos havia sido lançado na minha direção. Não gritei... não chorei... não me movi... Apenas vi os mortíferos espinhos evaporando no ar a medida que se aproximavam de mim... Desmaiei e acordei dois dias depois, sã e salva, na enfermaria da escola. Mas a figura daquela planta me perseguiu por quase um mês, em meus pesadelos.