casa dos espiritos

2025, Septem

A dor percorria cada célula de sua existência e a raiva dava o requinte para que a derrota da batalha do Educandário caísse pesadamente sobre seus ombros...

Estava realmente frustrado. O ataque em busca do Broche Espelhado de Catarina Cedrela fora um fiasco e o Punhal Sangrento que estivera a seu alcance por todo tempo que havia sido diretor, agora estava distante de suas poderosas mãos.

Sua máscara escondia um rosto machucado, suas vestimentas, um corpo dolorido, mas mesmo assim manteve sua voz firme e pontente quando se reuniu com seus pupilos para definir os próximos passos de suas ações.

- Um golpe de sorte!!!... Foi um golpe de sorte que aqueles infelizes de sangue sujo conseguiram... Ainda por cima me desmacararam... Se meus preciosos artefatos não estivessem escondidos lá, teria os esmagados com um movimento de minha mão.

E assim que cerrou seu punho em um gesto de fúria, um vaso de cristal aparado sobre uma mesa de canto se partiu em mil pedaços.

- Malditos!!!!.... O que nos restou dessa história toda? O Astrolábio e este inútil Iramohn...

E assim que mencionou o nome do sábio, um de seus discípulos trouxe a figura humana da pobre tartaruga, torturada e com ferimentos por todos os lados.

- Muito bem... Este desgraçado é nosso passe livre para o Broche de Cedrela... Duvido que Victor não nos dê o broche para salvar esta coisa inútil... Mas antes de negociarmos a vida deste entojo, eu quero o PUNHAL SANGRENTO!!!

E com a elevação de seu tom de voz, um quadro veio ao chão espalhando cacos de vidro pelo carpete da sala.

- Eles ainda estão frágeis pelo ataque e com nossa fuga, esperam que estejamos como eles... mas somos mais fortes e resistentes. Duvido que estejam esperando algo para esta noite... Será fácil obtermos o punhal... Bruno Maia sabe onde ele está. Usaremos o Astrolábio, quero o punhal... Ainda esta noite!!!

Aquele era um momento único em sua vida... Passava por uma situação que nunca, em sua longa existência, pensou que pudesse passar... Estava aprisionado em uma forma humana com o corpo completamente dilacerado e lavado por sangue... A dor que sentia era algo inimaginável e a pouca lucidez e consciência que teimava em apresentar surpreendia seu próprio torturador, já sem idéias de como amplificar seu sofrimento.

- Não o mate!!! Ele é importante para nossos planos... - uma voz obscura e sombria alertava seu algoz que havia chegado no limite...

Do porão, podia ouvir passos pessados e preocupados sobre o piso acima. Sabia que Dominic estava angustiado e sabia que algo havia dado errado para ele... A única coisa que não sabia era que sua amada escola estava em frangalhos naquele momento.

Quando, pela nonéssima vez, tentava retormar sua forma original, mais uma vez sem sucesso, seu carrasco puxou as pesadas correntes atadas a seus pés e mãos e praticamente o arrastou do porão até o salão acima, onde Dominic e os outros Fantasmas arquitetavam seus novos planos.

- Malditos!!!!.... O que nos restou dessa história toda? O Astrolábio e este inútil Iramohn...

Neste exato momento, Iramohn foi arremessado ao centro da sala, batendo de cara no piso de madeira escura que fez com que um ou dois de seus dentes humanos rolassem.

- Muito bem... Este desgraçado é nosso passe livre para o Broche de Cedrela... Duvido que Victor não nos dê o broche para salvar esta coisa inútil... Mas antes de negociarmos a vida deste entojo, eu quero o PUNHAL SANGRENTO!!!

A príncipio, Iramohn se perguntava porque Dominic queria tanto o punhal e no instante seguinte, lembrando do poder da relíquia de Adalbérgio, um frio percorreu sua espinha pois sentiu que seus dias estavam chegando ao fim. Se Dominic usasse o punhal contra ele, na forma humana, seria fatal...

- Eles ainda estão frágeis pelo ataque e com nossa fuga, esperam que estejamos como eles... mas somos mais fortes e resistentes. Duvido que estejam esperando algo para esta noite... Será fácil obtermos o punhal... Bruno Maia sabe onde ele está. Usaremos o Astrolábio, quero o punhal... Ainda esta noite!!!

"Ataque!!!"... Sim, sem dúvida seus amigos sofreram um massivo ataque e agora deveriam estar ainda recuperando as forças, como dizia Dominic... Talvez um segundo ataque em tão pouco tempo, seus amigos não resistiriam... Tinha que os avisar, mas como?!?... estava em uma forma humana completamente sem poderes mágicos... completamente sem forças e esperanças...

Foi como um tufão despertando a bela sala que somente era visível aos olhos do mal.

- Senhor!!! Senhor!!! Os artefatos, senhor!!!... O ministério vai tirá-los do país.

Desde que conseguiu infiltrar um de seus homens no ministério, Dominic sabia tudo que acontecia nos bastidores do mundo bruxo com antecedência. Por isto suas ações conseguiam o êxito em 90% de seus ataques... Seu agente duplo estava ali, no meio da sala, com o fôlego precário, dizendo tudo o que ele precisava saber.

- Na virada do ano... Péricles vai mandar os artefatos para Londres em um Vôo saindo de Brasília. - complementava o falso auror. - Ele espera que estejamos no Rio, no Baile de Prata...

Dominic olhou para o tapete indiano que estava sob seus pés, lançando questionamentos aleatórios para sua mente, até que por fim falou:

- Interessante!.. Uma bela jogada!... Realmente o baile seria tudo o que eu esperaria ... Onde eu poderia encontrar e subjulgar de uma única vez todos os bruxos de importância deste país... Seria o momento ideal...

Dominic deu dois passos e olhou pela janela para fora da casa. Um jardim negro e silencioso os envolvia. Árvores mudas em um quintal sombrio... Quem passasse no lado de fora da casa não imaginaria o que acontecia lá dentro graças a um feitiço que subtraía a verdadeira aparência da mansâo e a deixava com um aspecto abandonado e inofensivo.

- Quero mais informações!!! Quem estará neste vôo?... O que vâo comer?... O que vâo vestir?... Quero saber de exatamente tudo. Todos os nosssos esforços estarão concentrados neste avião. Eu quero estes objetos mágicos nesta sala no primeiro dia do ano!