°°Scriptor Sonorus - Edição de Abril°°

Minha mãe sempre me disse que iria me deserdar se eu seguisse pelo caminho da culinária mágica. Para ela, não havia nenhuma emoção, nenhum desafio na promoção e que, portanto, eu acabaria preso a uma rotina monótona e besta. Com esta reportagem, digo a minha mãe: “Prepare sua conta no Gringotes, mamãe!”
Recentemente, os Paulistas sentiram-se acuados com um fenômeno estranho para eles: tremores de terra. O tremor foi sentido por volta das nove horas e atingiu cerca de cinco graus na escala Ritcher. O tremor foi sentido no litoral de São Paulo, em Santa Catarina e na parte sul do Rio de Janeiro, na região da Costa Verde. "Estava em Angra dos Reis (litoral do Rio de Janeiro), por volta das 21h, quando senti tremor estranho no chão. Os copos tremeram e achei que fosse um caminhão passando na rua. Quando entrei nos sites de notícias, vi o tamanho do acontecimento", diz Robson Jazzigner, um trouxa que mora na região, apoiado por mais um relato, do trouxa Rafael Kent: “Moro na nove de Julho (zona sul de São Paulo), no décimo andar de um prédio. Senti minha cadeira sacudir e o prédio balançar, achei que estivesse ficando louco. Quando pensei em sair correndo o tremor parou e como não vi nenhuma notícia em lugar nenhum, fui dormir. Foi a pior sensação da minha vida". Claramente, alguns trouxas, já preparados para dormir, levaram sustos tão grandes que acharam se tratar de monstros embaixo da cama. “Eu estava sentado em minha cama e senti a perna tremer, por uns cinco segundos. Até pedi para minha esposa ver se tinha alguém embaixo da cama", diz Sérgio Marasco, do bairro do Ipiranga.
Mas, até então, os especialistas não sabem qual foi a causa real do tremor, extremamente raro, visto que essa região está sobre uma zona de estabilidade sísmica. A resposta: desleixo mágico!
Nossa equipe de reportagem foi até o vilarejo de Ribeirinho do Brejo, que vive escondida numa área nebulosa da floresta próxima à represa de Ribeirão do Campo. Lá, encontramos uma casa totalmente em pedaços e carbonizada. É a casa da família Campos Silva, salva graças a um ato bravo, heróico e extremamente rápido do chefe de família Arnaldo Campos Silva. Segundo ele, sua esposa estava cozinhando feijão, mas preferiu utilizar-se de uma panela de pressão para cozer os grãos.
Embora seja comum o uso deste utensílio para os trouxas, os bruxos não podem utilizá-lo, se forem aquecer sua comida magicamente. Segundo o engenheiro mágico Arnaldo César, “a magia que utilizamos para cozer os alimentos cria um campo de pressão muito grande, que deve ser aliviado com uma panela sem tampa, aberta. No caso, a panela de pressão é vedada e a pressão interna foi muito grande.” Havia, ainda, um agravante. A dona de casa Marli Campos Silva acrescentou à sua panela um feitiço de resistência à pressão, pois sabia da “força” gerada pelo seu feitiço. No entanto, explica o engenheiro consultado, “o feitiço protege a panela até certo ponto. O problema é que a pressão do feitiço passou deste ponto e, quando foi liberada, estava absurdamente alta. Tão alta que provocou o abalo visto.”.
O grande anjo da guarda da família foi o Sr. Arnaldo que, rapidamente, vendo o que a mulher ia fazer, segurou-a pelo braço e, em menos de um segundo, aparatou para o mais longe que ele conseguiu. “Fomos parar a muitos quilômetros, ainda na floresta, e sentimos um tremor de terra violento. Felizmente, o vilarejo continua intacto porque nossa cozinha era no subterrâneo. Nossa casa implodiu, mas, fora um pequeno estrunchamento do meu dedo mindinho, estamos à salvo.”
A Sr.ª Marli enfrentará um inquérito no ministério da magia por uso ilegal de feitiços experimentais. A audiência será no mês de maio, e a data ainda está em aberto. Para manter o vilarejo mágico à salvo de curiosos trouxas, uma equipe de obliviadores do ministério foi enviada a cada universidade de influência do país, para fazer os especialistas acreditarem que o epicentro do tremor foi em um ponto do oceano Atlântico. “Nesses casos, o melhor é tirar o foco da região. As investigações nunca chegarão lá. Provavelmente, criaremos as evidências no oceano, mas o vilarejo de Ribeirinho do brejo está a salvo, felizmente.”, conta José Dione, líder do grupo de obliviadores.
Com essa, me despeço, na esperança de que minha mãe tenha lido esta reportagem.

Quem nunca se perguntou sobre o sentido da vida, com certeza se perguntará um dia, e em nossa humana limitação fazemos especulações que percorrem o âmbito da sociologia, da religião e até mesmo das ciências exatas.
Porém, esta questão não nos atormenta unicamente. Diversas civilizações existentes desde os primórdios do universo já se questionaram a respeito da vida, do universo e tudo mais e eis que há muito tempo atrás, no lendário planeta de Magrathea, uma raça de seres hiperinteligentes ficou de tão saco cheio de tentar achar a resposta para a Vida, o Universo e Tudo Mais, que resolveu construir um super computador capaz de calcular uma resposta definitiva para essa pergunta. E a esse computador chamaram de Pensador Profundo. Após 7,5 milhões de anos, o pensador profundo calculou a resposta da vida, do universo e tudo mais e chegou ao singelo resultado: 42.
Indignados, os seres hiperinteligentes disseram que essa não era a resposta da pergunta. O computador retruca que eles próprios não sabiam qual seria a pergunta correta para a resposta, afirmando que a resposta em si (42), só poderia ser entendida quando soubessem a pergunta. Foi então que Pensador Profundo dá aos seres hiperinteligentes cálculos de como fazer o único computador capaz de encontrar a Pergunta para a resposta 42. Esse computador seria tão grande e fenomenal que seria até confundido como um planeta. E a esse computador chamariam de Terra.
Estaria tudo excelente, com os terráqueos participando, inconscientes, de sua nobre missão de desvendar a fundamental pergunta da vida do universo e tudo mais, se previsões de um futuro não tão distante, e de alguns viajantes espaço-temporais, nos trouxessem a infeliz notícia de que nosso "planeta" será destruído 5 minutos antes de se desvandar a definitiva pergunta, para dar passagem a uma via expressa intergaláctica.
Mas não fiquemos tristes. Até lá muita coisa pode acontecer e o futuro, por mais que tenhamos previsões infortuitas ou viajantes bem informados sobre os planos de engenharia de tráfego do Universo, se transforma em uma equação que sintetiza todo o mistério da vida, do universo e tudo mais, o condensando em um único número: 42.

Numa manhã de segunda feira os habitantes da pequenina cidade de Ibicuí, na Bahia, acordaram com uma cena deplorável sob seus pés, literalmente. Ao saírem de suas casas, pisaram diretamente em poças escarlates de sangue vermelho-vivo. Horrorizadas, muitas mães impediram os filhos de irem para escola, e várias pessoas faltaram seus respectivos trabalhos, com nojo e um pudor contido para pisar no sangue alheio.
Após dois dias de investigação, nesta quarta-feira, o departamento de investigação policial acusou Mário José de Freitas, de 40 anos, por genocídio em massa: 50 corpos foram encontrados no porão de sua casa.
Segundo os especialistas, Mário sofre de uma disfunção chamada, caracterizada pela necessidade absurda de matar ou torturar para obter atenção, um extremo de carência. No entanto, a “disfunção” de Mário, comprovadamente, é outra: chama-se magia das trevas.
Os especialistas do Ministério da Magia encontraram um indício de extrema atividade mágica na região na noite de domingo, aparentemente sem propósito. “Achamos que nossos indicadores de atividade mágica estivessem mal calibrados quando chegamos a Cambuí e não encontramos absolutamente nada. Lá, nossos aparelhos pararam de funcionar.”
Por mais de dois meses, as investigações mágicas prosseguiram, mesmo após a condenação da Mário: “Acreditávamos que ele era apenas um trouxa normal, posto como bode expiatório numa operação mágica bem elaborada.”, disse o chefe da seção de Aurores. E com toda razão.
Uma nova atividade mágica intensa foi percebida em outro local da região, mas, já a postos, os aurores puderam intervir bem mais rapidamente, e pegaram o responsável: Joselino Alfreitas de Souza, um integrante do movimento pró-fantasmas. Joselino lançou um fortíssimo imperius em Mário, e fê-lo cometer 50 assassínios brutais, com intenso derramamento de sangue, em estilo de lavagem das ruas. EM depoimento, o crápula afirmou que “somente a vida do lixo poderia ser suficientemente porca para misturar-se às impurezas do lixo, e o lixo deveria ser usado para lavar o lixo das ruas.”
Joselino foi condenado a prisão perpétua no Carandiru. Como o caso tornou-se público, infelizmente, nada pode ser feito a respeito do inocente Mário, que continua em regime de prisão fechado.

Há certo tempo atrás, um garoto estudante do Educandário de Magia Monte Pascoal uniu-se a um grupo, posteriormente conhecido pelo nome de “Fantasmas”. Ser dos “fantasmas” era ter um status assustador dentro do colégio: como o grupo era secreto, qualquer um que ameaçasse pertencer ao grupo passava, então, a ser respeitado como se efetivamente pertencesse. E isso acontecia, visto que o grupo era famoso por suas piadinhas e brincadeiras de mau-gosto, que geralmente culminavam em dor, sofrimento e, em alguns casos, morte.
Vejam, agora, como o destino dá revira-voltas: este mesmo menino, de nome Dominic Anatolly, é agora diretor da escola que ele, outrora, ajudara a aterrorizar. E, dizem os boatos, ele não consegue perder esse hábito: seus alunos dizem que ele é “o professor mais difícil, sem dúvida”. Outra, na enfermaria, alegava ter saído recentemente de uma prova prática do professo: Estava com pústulas enormes por toda a pele, mas esse era um defeito de nascença. A prova só lhe causou uma terrível estafa mental, mas que foi seguida por um perigoso quadro de depressão.
Mas o que mais preocupa a sociedade no geral não é o fato de Dominic ser um professor difícil, mas sim pelo fato de que, aparentemente, ele não quer os alunos treinando duelos. Segundo sua secretaria, o diretor “teme que os alunos se julguem capazes de lutar contra os fantasmas na vida real.” No entanto, uma corrente de esquerda afirma que o diretor, na verdade, quer apenas impedir que os alunos aprendam a se defender, e vão além: alegam que ele nunca largou o velho hábito, e ainda é um integrante do grupo dos fantasmas. Esses entusiastas são, no entanto, bravamente reprimidos pelos mais céticos, que afirmam que “o chefe do grupo, Paulo, foi morto. Ninguém que o apoiasse, como, no caso, Dominic, teria chance de entrar no grupo desta vez...”
Sabe-se que, recentemente, uma conversa secreta entre os professores Victor Wagner (ex-diretor), Bruno Maia e Isadora Rafaelli foi interrompida bruscamente por Dominic! Segundo relatos, os professores ficaram muitíssimo embaraçados, e tocaram no assunto do clube de duelos novamente, ao que Dominic refutou efusivamente. A situação dentro do Educandário chegou a tal ponto de o nome do novo diretor não poder mais ser pronunciado: segundo informações fidedignas, o nome virou taboo!
Os mais temerosos afirmam que a situação do taboo remete à filosofia Voldemort, dos anos 90, ou seja, a idéia do “Não poder ser nomeado”. Alguns, dizem que o diretor está apenas sendo pressionado por uma corrente contra a saída de Victor do cargo. Outros, dizem que ele é um coitado e que deveriam parar de enchê-lo o saco. Algumas menininhas histéricas afirmam o achar um gatão, e gostariam que ele estivesse em suas casas.
Gostando ou não, esse é o diretor e essa é a situação, transmitida diretamente pelo seu repórter Jolie!